Freud desvendou a origem do nosso psiquismo: nascemos com desejos proibidos e com desejos insolúveis. Para os primeiros, na impossibilidade de negociar com o meio, temos que pagar com o mal-estar do recalque. Para os segundos, não há muito o que fazer. No entanto, Freud tomou o amor como um meio de amenizar o fato de não ter solução porque envelheceremos e morreremos. A primeira paixão contra os nossos pânicos é o famoso Complexo de Édipo. Amamos nossos pais iludidos de que estaremos protegidos das intempéries da nossa existência. Depois amamos nossos amigos, nossos amantes, as artes, a filosofia e as ciências, com este mesmo objetivo. E quando tudo isso se liquidifica? E quando parece que o amor não existe mais? Entramos em depressão. Ficamos melancólicos. Perdemos o sentido. O que sobrou? Os prazeres do corpo. Não cuidamos mais das nossas relações: ficamos por ficar. Transamos pelo prazer efêmero. Viramos objetos. Nossa olhar esvazia. Perdemos em intensidade sentimental. Coisificamos e somos coisificados. Parece que, nesse momento, foi tudo o que sobrou da nossa humanidade.
Evaristo Magalhães – Psicanalista