Não deveríamos colocar nada depois da palavra morte. Nada pode nos livrar de morrer.
Todas as flores, palavras, cânticos e rezas deveriam vir não para camuflar a morte.
Choramos e deprimimos – exatamente – porque tudo o que temos e somos fracassará diante da nossa finitude. Não deveria ser assim – mesmo porque chorar e deprimir não ressuscita ninguém.
Não é masoquismo amar a morte: não temos outra alternativa. Sofrer, também, não adianta.
Lamentamos quando perdemos alguém querido como se isso pudesse trazer de volta quem amamos. Não pode!
Inventamos o céu como se isso fosse a certeza de que – um dia – reencontraremos quem tanto prezamos. Ninguém, até hoje, voltou para nos confirmar isso.
Nada deveria ser contra a morte. Tudo deveria existir para a alegria de morrer.
É melhor acreditar na mentira ou se alegrar com a verdade?
Não estou dizendo que gostar de morrer é desejar morrer. Estou dizendo que usufruiríamos melhor da vida se aceitássemos que estamos morrendo. Certamente, seríamos menos arrogantes e mais desprendidos. Seríamos menos tensos e mais relaxados.
Na verdade, ninguém sofre porque está morrendo. Sofremos, porque sabemos que tudo o que temos e somos ficará para trás um dia – queiramos ou não.
A morte é inevitável. Em algum momento, todo preconceituoso e todo arrogante se dará conta de que terminará no mesmo lugar daqueles que humilharam e discriminaram.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
Atendimento online: WhatsApp 31 996171882
Instagram:@evaristo_psicanalista