Quando dizemos que o outro nos pertence, tomamos como nosso apenas o que gostamos nele. É por isso que sofremos.
Não é tão simples assim dizer que se tem alguém. Ter o outro é tê-lo inteiro. Inteiro, ninguém quer ter.
Ninguém é o só o que se vê. O amor tem o incrível poder de nos fazer ver apenas o que queremos. Se víssemos tudo, talvez não errássemos tanto no amor.
Ter o outro é dar conta de tê-lo até no que não podemos ter dele. Ter o outro é tê-lo, inclusive, em seu direito de não nos querer. Ter o outro é tê-lo em toda a sua liberdade.
Ter o outro é tê-lo em seus defeitos e em todas as suas imperfeições físicas, emocionais e intelectuais. É tê-lo jovem, idoso e finito.
Ninguém é tudo. Ninguém é inteiro. Ninguém é completo.
Dizer que alguém é nosso não é dizer que podemos fazer o que quisermos dessa pessoa. Ao dizermos que alguém nos pertence, estamos dizendo, para nós mesmos, que temos o outro no que não suportamos ter em nós mesmos.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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