O que é mais verdadeiro no amor: o diálogo ou a cama? A cama. Por que? Porque é impossível medir a veracidade de uma declaração de amor.
Ninguém consegue saber a intenção exata por detrás de uma conversa.
Nem mesmo o olhar é exato. Hoje, gostamos muito do que vemos e, amanhã, pode ser que não.
Agora, na cama, ninguém se engana quanto – por exemplo – ao gosto de determinada boca.
Não é possível mentir – para si – sobre uma pegada.
O sexo é oito ou oitenta: ou é bom ou não é.
A frustração não está na mente e, sim, no corpo.
A verdade do amor não é o que se diz: é o que se sente. É o corpo-a-corpo.
O cheiro não é uma questão de interpretação. O olfato é indubitável: gostamos ou não – e pronto.
Quanto à personalidade, até esperamos para conhecer um pouco mais. Agora, quanto ao sexo, não há meio termo: quando não há química, não adianta insistir.
A cama é a verdade do amor. Todo o resto se pode ludibriar. Não seria a sedução uma espécie de forçação de barra?
Nenhuma estética, virilidade, intelectualidade ou conta bancária se sustenta quando não se toca a verdade do corpo do outro.
No amor, não é falar, exibir, contar vantagens e fazer caras e bocas que conta.
Ninguém consegue mudar – em si – o cheiro, o toque e o gosto que sentiu de alguém.
O corpo não mente. Ele tem linguagem própria. Ele já vem programado. Ele é a nossa marca digital.
Até gostaríamos de amar porque a pessoa é bonita e inteligente. No entanto, até mesmo a mente mais brilhante se curva quando o corpo dessa mente não faz outro corpo acontecer.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
Instagram:@evaristo_psicanalista
Twitter:@evaristopsi