Todo mundo – para ser – precisa se associar a alguma coisa: um gênero, um nome, uma cor, uma cidade, uma profissão etc.
Só conseguimos ser por conceitos e imagens.
Nunca conseguimos nos dizer por nós mesmos.
Ao nos descrevermos, olhamos para o nosso entorno. Daí, desembestamos a dizer – das palavras e da coisas – como se estivéssemos dizendo de nós mesmos.
Só conseguimos ser por analogias e metáforas. Somos um amontoado de nomes e de objetos.
Temos mania de grudar ideologias e doutrinas em quem somos.
O que tem a ver meu nome comigo? O que tem a ver a palavra maçã com a fruta? Nada.
Somos cheios de vícios para nos fazermos existir. Tem quem só consegue existir por compulsão por compras. Tem quem cuida do carro melhor que da esposa. Tem quem enlouquece diante da possibilidade de perder seu amor. Tem quem fica cego por seu mito.
O que aconteceria se tirássemos todos esses adesivos de nós mesmos? O que sobraria se eliminássemos todos os nomes, pensamentos e conceitos que utilizamos para nos auto-referir?
Sobraria a verdade sobre nós mesmos? E é disso que ninguém quer saber.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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