Quem não gostaria de saber de si? Quem não gostaria de descobrir seus verdadeiros sentimentos? Quem não gostaria de saber de onde veio e para onde vai? Quem não gostaria de entender os motivos de envelhecer e de morrer? Quem não gostaria de ter uma explicação concreta sobre a vida? Ninguém tem.
Não há objetividade no existir. É por isso que deprimimos e angustiamos.
Em função disso, muitos tentam buscar – fora de si – algo que compense suas inseguranças. Tentam amenizar no outro as angústias de não saberem de si.
Muitos não conseguem suportar esse vácuo e, para não enlouquecerem, tentam preenchê-lo com compulsão por compras, drogas ou pessoas.
De todas essas compulsões, o amor possessivo é o mais comum. Na impossibilidade de lidarem com seus vazios, muitos usam seus amores como amortecedores de suas angústias.
Por se tratar de algo insuportável, que não tem cura e que se encontra presente vinte e quatro horas por dia, essas pessoas necessitam que seus amores estejam a seu dispor – o tempo todo – como uma espécie de tampão de suas agruras existenciais.
É como se necessitassem – dentro de si – de algo concreto para existir. Como esse concreto não existe, buscam – externamente – algo que faça essa função.
Daí, objetificam seus amores impondo uma relação de dependência extrema que – certamente – não acabará bem.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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