A saída não é contar de um até mil. A saída é o caminho inverso: de mil para um.
Imagina quantas palavras já não colocamos sobre quem somos?! Qual delas melhor diz de nós?
Não é minha altura, meu gênero ou minha idade que diz de mim. O que meu nome tem a ver comigo? Nada.
Não é me entupindo de palavras que saberei de mim. Quanto mais eu me sintetizar, mais chegarei perto de quem sou.
Pessoas muito blábláblá, no fundo, usam dessa verborragia para fugirem de si.
Eu seria – de fato – verdadeiro se eu me reduzisse a uma única palavra – e sem duplo sentido: a uma palavra sem nenhuma outra antes ou depois dela.
Por que só sabemos de nós falando quem somos? Por que nunca escrevemos quem somos? Melhor, por que nunca registramos quem somos?
É porque vivemos nos confundindo em um turbilhão de palavras, que ficamos angustiados e ansiosos.
Ninguém suporta viver perdido. Ninguém suporta ser muitos. Ninguém suporta viver se contrariando o tempo todo.
É seguro que o caminho para saber de si não é sair construindo pensamentos sobre si.
No caso de se conhecer, quanto mais débil, melhor. Nesse caso, ao menos saberemos quem somos não do mental para o carnal, mas do carnal para a vida!
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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