Pensar, para nós ocidentais, é conhecer um objeto em todas as suas nuances. Ao final, teríamos esse mesmo objeto todo transparente diante de nós.
Em psicanálise, conhecer não é nada disso. Algumas pessoas até entendem a análise como um despedaçar para, depois, juntar os cacos de si de modo uniforme.
O que nos incomoda não pode ser conhecido. Nenhum saber toca o que nos angustia.
É por isso que psicanálise não é ciência, filosofia ou religião. Não é construção. Psicanálise é outra coisa muito diferente de tudo isso.
Psicanálise não é a ilusão de tudo devorar pelo intelecto. Mas, sim, deixar em aberto – e indefinidamente – isso que nunca somos.
Psicanálise não é pelo saber. É pelo olhar. É dar conta de ver, tomar para si e carregar consigo.
É por isso que a psicanálise é contrária a toda e qualquer pretensão de totalidade.
Tomar isso que nos angustia como sendo nosso – ao contrário do que muita gente pensa – é condição para a nossa humanidade.
Fora isto, é tudo ilusão!
Evaristo Magalhães – Psicanalista