Por uma pessoa inteligente, tendemos a achar aquela que pensa a partir dos pressupostos dados pela filosofia e pelas ciências sociais.
Fora desses padrões, chamamos a pessoa de burra, ignorante, manipulada, alienada, etc.
Não basta ter a filosofia e as ciências sociais como critérios para avaliarmos a inteligência de quem quer que seja.
Há algo para além dessa inteligência que nenhuma sociologia ou filosofia capta.
Para além de toda teorização, é preciso que atentemos para o uso sentimental que as pessoas fazem de seus pensamentos e ações.
Achamos que comemos apenas para matar a fome. Achamos que nos relacionamos apenas porque tememos a solidão. Achamos que estudamos apenas para compreender a realidade. Não é só por isso.
Não sabemos de onde viemos e nem para onde vamos. Vamos envelhecer e vamos morrer. Perderemos pessoas amadas. Portanto, todos esses nossos dramas existenciais não estão alheios ao que pensamos e fazemos.
Desse modo, antes de julgar como sendo burra a forma de pensar de uma pessoa, é preciso considerar em que medida este foi o único modo encontrado por ela para se sustentar diante da loucura que é estar vivo.
Enquanto não levarmos em conta esse aspecto mais primitivo do existir humano em nossos julgamentos de quem quer que seja, jamais compreenderemos o que leva tanta gente a fazer certas escolhas bizarras.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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