Somos guiados pelo princípio do prazer e pelo princípio da realidade.
Ingenuamente, algumas pessoas acreditam que é possível sobrepor a realidade ao prazer. Não é. É óbvio que algo da realidade toca o prazer. No entanto, algo do prazer sempre escapa à realidade. Caso contrário, seríamos todos autômatos.
Não existe abstinência sexual. Não existe recalque para o sexo. Não existe pessoas assexuadas, frigidas ou celibatárias. Isso é mito!
Existe – sim – pessoas que têm pavor de fazer sexo. Essas pessoas não fazem sexo na prática: não se masturbam e nem transam. Isso não quer dizer que elas não façam sexo.
Não existe a menor possibilidade de qualquer ser humano não fazer sexo. Podemos até passar a vida sem transar. Contudo, o sexo que não fazemos literalmente, não significa que não o faremos de outros modos.
Freud tentou de todas as formas encontrar meios para lidar com esse sexo que sobra do controle civilizatório. Ele blefou.
Portanto, todo o orgasmo que não temos com nossos amantes, nós o invertemos. O que deveria sair como prazer, sai como dor, doença, frustração, amargura, inveja, medo, horror e perseguição às pessoas que querem viver suas sexualidades com mais liberdade.
É uma ilusão essa bobagem de abstinência sexual. Pior é quando levamos essa história às últimas consequências: vide a quantidade de pastores pedófilos e abusadores sexuais de suas irmãzinhas de igreja.
Evaristo Magalhães – Psicanalista