A psicanálise quer de nós uma missão quase impossível. Ela quer que nos reconheçamos em nossas queixas. Ou seja, ela quer que tomemos como sendo nosso o que está por detrás do que nos perturba.
O que nos perturba? O que é real em nós e que não temos palavra para isso.
A verdade não está no que pensamos e fazemos. Falamos e agimos para fugir do insuportável de nós mesmos.
Habitamos uma ficção quando convivemos e amamos. Viramos dependentes de uma ilusão que não consegue ludibriar nossas verdades.
Autoconhecimento, para a psicanálise, não é dar nomes, não é contar histórias, não é falar e agir sobre a vida.
Isto que não reconhecemos, são os fantasmas que nos amedrontam. Quanto mais falamos, mais reavivamos isso que nos atormenta.
Sim, a psicanálise quer nos livrar desse tormento. Ela quer nos fazer reconhecer o que em nós é sem palavras. Ela que nos libertar do sofrimento que criamos – exatamente – porque falamos.
Evaristo Magalhães – Psicanalista