O que queremos quando nos envolvemos com alguém? Queremos amor, compreensão e respeito. Ou seja, só queremos coisas boas. Só queremos o lado bom da pessoa.
É por isso que o amor não é a verdade. O amor é uma ilusão porque só sabemos amar uma parte de quem amamos. É quase como se acreditássemos que o amor tivesse o poder de curar e de purificar o outro de algo que não suportamos nele.
O amor não tem esse poder. Nada tem esse poder.
Nesse sentido, o amor é meio que uma mentira que inventamos para não enxergamos a vida como ela é.
Tanto isso é fato, que quando uma pessoa não condiz com o que esperávamos, brigamos no sentido de trazê-la a de volta para o que entendemos como sendo a verdade sobre ela.
Ou seja, retornamos para a ilusão. Melhor, não sabemos amar por inteiro. Só sabemos amar pela metade. Inventamos o amor como se ele pudesse nos dar uma pessoa limpinha de algo que não queremos saber dela.
É por isso que os casais se desentendem e até se matam por amor.
Agredimos o outro porque não sabemos lidar com a verdade sobre ele. Agredimos porque carregamos a fantasia de que ele pode ser a vida toda bonitinho, santinho e certinho.
O amor não é a verdade sobre nós mesmos. O amor é um tipo de recalque. Usamos o amor para recalcar o que não gostamos no outro ou em nós mesmos.
Amamos quem nos dar o que queremos e odiamos quem não corresponde aos nossos desejos.
Isso que odiamos no outro, precisa ser amado também. Caso contrário, nunca teremos paz para amar.
Evaristo Magalhães – Psicanalista