As putas são diversas, plurais e explosivas em suas sexualidades.
As putas são como as crianças – no sentido de que são livres em seus imaginários.
É por isso que as putas tanto nos incomodam. Somos da filosofia do UM. Somos da ciência da constância e da regularidade. Somos da religião monoteísta. Somos do não-contraditório. Somos menos vida e mais razão.
As putas são quase cem por cento vida porque não julgam e nem hierarquizam as oposições de suas sexualidades.
São como a natureza, entregues aos fluxos, aos cheiros, cores, sabores e tatos. São abertas, espontâneas e dispostas à experiência.
As putas são o nosso recalcado.
As putas são a prova de que se pode viver tudo – e sem enlouquecer.
Gostamos das putas porque podemos nos satisfazer fantasiando suas orgias ou negando quem somos discriminando-as.
Nesse sentido, mesmo com toda a assepsia da filosofia, da religião e da ciência, ninguém consegue calar a puta que habita o íntimo de si.
Nossas putas quando não saem às escondidas, saem em nossos destemperos psicológicos, em nossas somatizações, manias e vícios.
Essa insistência em separar o público do privado, não deixa de ser uma forma de esconder a puta que carregamos em nós.
Nenhuma puta morre de sexo. Geralmente, assassinamos as putas tentando assassinar as putas que – de fato – somos.
Ser puta é ser sinônimo de liberdade, prazer, invenção, experimentação, gozo e amor pela vida.
Quem nunca virou uma puta na cama?!
Viva o diverso! Viva a vida como ela é! Viva as putas!
Evaristo Magalhães – Psicanalista