Todo mundo ouve vozes. Alguns mais, outros menos.
Cada um cria para si suas próprias perturbações quando decide não se ouvir em tudo que se é.
A voz da vida não existe sem a voz da morte.
Todo amado escuta a voz do amor e a voz da possibilidade de perder seu amor.
Primeiro a coisa berra e, depois, somos tomados pelo pânico do que evitamos escutar.
A depressão é uma tentativa de esvaziar a voz que insiste em dizer.
A raiva é uma tentativa de massacrar o que está gritando por dentro.
São infinitas as vozes que nos atravessam.
Não existe medicamento ou cirurgia para isso. São vozes que carregamos: todas nossas.
São vozes de medo e de pavor. Sabemos – mas negamos – seus nomes, sensações, imagens e sons.
Nenhum voz deveria nos angustiar ou desesperar. Não deveríamos comparar, julgar e hierarquizar o que se passa conosco. Somos tudo! Somos contraditórios! Somos pura contingência!
Deveríamos tratar a voz da derrota com a mesma naturalidade com que tratamos a voz da vitória. Não o fazemos.
A questão é que quanto mais abafamos o que nos atemoriza, mais poder damos para que isso continue reverberando em nossos ouvidos.
Evaristo Magalhães – Psicanalista
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