Já nos demos conta de que existe uma parcela da população brasileira que vota em políticos que incentivam a misoginia, o racismo e a homofobia.
Agora, estamos constatando essa mesma parcela defendendo políticos assassinos.
Caiu a máscara daqueles que dizem que é melhor matar uma feminista e que é melhor voltar à escravidão que deixar um negro em igualdade de um branco.
O Brasil tomou o ódio como regra. É assustador! Parece que quanto mais o poder mata, mais prestígio conquista.
Isso não é política, isso é guerra.
O ódio não pode ser o sentimento mais importante de uma nação. Ninguém pode ser admirado porque dissemina a raiva e a perseguição.
Hoje, no Brasil, o poder descobriu que dá fama invadir uma favela matando os pretos.
O problema é que quanto mais esse poder é admirado, mais se sente à vontade para continuar resolvendo pelo extermínio.
O monstro não é só o gestor. O gestor é só o reflexo de seus eleitores.
Não mais ganha fama, no Brasil, quem defende a educação, a cultura, o emprego e a distribuição de renda como formas de construção de uma sociedade melhor para todos.
Muito pelo contrário, descobrimos um Brasil doente. Descobrimos que pessoas próximas a nós, que antes considerávamos amáveis, no fundo, odeiam os negros, os pobres, as mulheres e os lgbts. São pessoas que odeiam, inclusive, quem defende essas minorias.
Creio que não se importariam se fôssemos nós que estivéssemos sendo assassinados.
É óbvio que ficarão revoltadas se jogarmos isso em suas caras. No entanto, sabemos que é assim que são porque estão mudas diante dessas atrocidades. É como se projetassem o que pensam nos monstros que elas mesmas elegeram.
Quero ver como reagirão quando esses mesmos monstros resolverem bater em suas portas.
Evaristo Magalhães – Psicanalista