Somos dois. Um que diz que vamos viver e outro que diz que vamos envelhecer e morrer.
O primeiro nos apazigua e o segundo nos apavora.
Por que precisamos mais do primeiro que do segundo? Não sobreviveríamos sem alguma crença de que amanhã estaremos bem.
No entanto, nossas crenças existem é para ludibriar o fato de que somos finitos. Existem milhões delas e outras tantas estão sendo criadas e recriadas a todo momento.
Não sobreviveríamos sem ao menos um outro para nos dizer que nossas ilusões fazem algum sentido.
Qualquer história é uma espécie de verdade que nos estabiliza nesse mundo louco. Nenhuma pode ser tomada como sendo mais verdadeira.
Só não podemos cismar de criar histórias que coloquem nossas vidas em risco.
Quantos agora não estão se auto-mutilando? Quantos não estão desistindo de viver? Quantos não estão imersos em depressões profundas? Quantos não estão se drogando?
Precisamos escutar e respeitar mais o outro em suas invenções de vida. Caso contrário, ele pode desistir das ilusões e adentrar no abismo da vida real.
Evaristo Magalhães – Psicanalista