Sabemos que as palavras não são as coisas. A palavra amor não é o sentimento amor. Isto quer dizer que é impossível a verdade sobre o amor? Sim.
O que é o amor? Não sabemos. O que não é amor? Isso sabemos. O amor não é o ódio.
O amor pode ser tudo – com a condição de que seja amor.
Podemos – sim – relativizar tudo. Ninguém é igual. Cada um constrói para si um saber que melhor abarque seu gozo.
No entanto, não é saber agredir.
O saber supõe uma lógica – e não é lógico ser violento. A violência não faz sentido porque à medida em que apronto, estou criando uma cultura de violência que, certamente, retornará contra mim.
Desse modo, não importa como eu me visto, qual meu gênero, a cor da minha pele, com quem eu durmo e o que penso. O que importa é que quem sou não impeça a ninguém de ser como quiser. Essa é minha castração: ser livre à medida em que minha liberdade respeite a liberdade de todos.
Ou seja, não pode ser liberdade querer suprimir a liberdade alheia. A liberdade é a verdade – exceção apenas para quando eu estiver colocando em risco o meu direito de ser livre.
Evaristo Magalhães – Psicanalista