Gostar de si não é gostar do que se tem e de quem se é.
Achamos que somos nossos olhos, sorriso, abdômen, pernas, ideias e bens materiais.
Não sou meu corpo, minha imagem, meu carro e minha casa.
Quem sou nada supre.
Equivocamos com tudo que achamos que somos.
Não somos as brigas que causamos. Não somos nossos fracassos, dores, insônias, depressões e ansiedades.
Tudo isso é para suprimir ou para chamar a atenção para o que somos de verdade – e tememos enfrentar.
Quem somos? Não temos resposta.
Sempre falamos de quem somos através de terceiros – mesmo quando falamos por nossos corpos, desamores, confusões e doenças.
Inventamos coisas para cobrir nosso vazio. Como nada consegue suprimir quem somos, esse vazio sempre retorna. Daí, revoltamos, adoecemos e agredimos.
Não adianta falar mal do outro. Não adianta falar mal do mundo. Não resolve vitimizar-se.
Tudo o que falamos e fazemos é para camuflar quem somos e que não suportamos por nós mesmos!
Poucos dão conta de remoer os ossos de si!
Evaristo Magalhães – Psicanalista