Inventamos a consciência para conter o inconsciente.
A consciência é a elegância, o cuidado, a tolerância, o diálogo, enfim, o bem-estar.
O inconsciente é o lixo, o mórbido, o sujo, o escroto, enfim, o mal-estar.
Espera-se que todos ajam de modo consciente. Tanto que quando queremos desfazer de alguém sempre o associamos com seu lado abjeto.
Lembro do escândalo que foi quando pegaram o Lula consumindo cachaça no avião da comitiva presidencial.
Para não surtarmos, a civilização nos autorizou realizar certos desejos – com a condição de que não se tornem públicos.
Bolsonaro é um descontrolado. Ele é o rei do constrangimento.
Não se espera de um presidente assuntos como merda e hemorroida. Só um transloucado para defender o fim da Amazônia e da cultura indígena.
Parece que funcionou – até certo ponto – falar mal de mulheres, negros e lgbts. Alguns até pensaram que fosse brincadeira.
Bolsonaro revelou-se uma pessoa limitada moralmente, emocionalmente e intelectualmente.
A questão agora é como arrancar esse sujeito de lá.
Ao menos, parece que parte de seus seguidores voltaram a bater as panelas. Resta saber se soarão suficientes.
Evaristo Magalhães – Psicanalista