É complicado se achar lindo, inteligente, viril e rico.
Ao nos definirmos desenhamos um outro de nós mesmos. Passamos a achar que ele será suficiente. Não será!
Daí, nos deparamos com o tempo que nos envelhece e com espaço que nos limita. Não podemos tudo! O tempo e o espaço são outros de nós.
Somos infinitos outros.
Também, nos deparamos com outros que não refletem a beleza, a inteligência, a virilidade e a riqueza que refletimos para nós mesmos. Seremos frustrados!
Não somos senhores de nós mesmos. É impossível controlar esses outros nossos que nos aparecerão.
É porque achamos que sabemos quem somos, que os outros que não sabemos de nós mesmos viram nossos próprios fantasmas.
Não choro só por quem morreu. Choro por mim que o morto me escancara.
Não brigo com outro. Brigo comigo mesmo quando não dou conta do estranho de mim que ele me revela.
O que penso de mim é o que carrego e uso para fazer com que nada fuja do meu controle. Doce ilusão!
Só sou agora. É impossível saber qual outro serei. Espera-se que eu seja um bom outro.
Evaristo Magalhães – Psicanalista