Marx dizia que o capitalismo cava seu próprio sepulcro porque não existe nada mais óbvio que suas contradições.
Como é possível a ostentação de uma zona sul não gerar revolta naqueles que passam por ela todos os dias a caminho de suas favelas?
Como é possível um caixa trabalhar feliz sabendo dos lucros exorbitantes de seus patrões banqueiros?
Como é possível um estudante periférico não se revoltar com as melhores vagas das universidades públicas sendo ocupadas apenas por estudantes de escolas privadas?
É óbvio que os funcionários de uma multinacional sabem que são eles que financiam as mansões, os carrões e as viagens de seus patrões.
Impossível a um peão não achar estranho que com seu salário ele nunca conseguirá comprar o carro que ele mesmo ajudou a produzir.
Nenhuma doméstica pode ser feliz vendo que nunca poderá servir à sua família o que ela serve à família da patroa.
Como o segurança de um shopping pode não se indignar de não poder usufruir do lugar que ele mesmo protege?
O capital pode colocar a polícia na rua, pode criar seitas para ludibriar a pobreza com a felicidade celeste e pode produzir novelas com domésticas alegres à serviço de seus algozes. No entanto, nenhuma força, doutrina ou ideologia é mais forte que a realidade que se vê, vive e sente.
Podemos reagir falando ou atuando. Na eminência de não poder falar, atuamos de forma organizada ou marginal. O recado nunca deixou de ser dado. Uma hora ele ganha corpo e vira revolução!
Evaristo Magalhães – Psicanalista