Bolsonaro foi eleito prometendo acabar com a corrupção e com os bandidos. Quem não gostaria de viver em um país honesto e sem violência?
Acontece que governar não se resume só em combater a roubalheira e a bandidagem.
Os políticos, em geral, usam de plataformas universais para esconder seus interesses particulares.
Bolsonaro teve o apoio dos banqueiros. O que querem os bancos? Lucro, aumento de juros e que o dinheiro do povo seja vertido para o pagamento da dívida pública. Isso é bom para os pobres? Creio que não.
Bolsonaro teve o apoio dos latifundiários. O que querem os donos das terras? O uso de queimadas para ampliação de suas áreas produtivas, a liberação de agrotóxicos e o combate à reforma agrária. Isso é bom para os pobres? Creio que não.
Bolsonaro teve o apoio dos neopentecostais. Para a grande maioria desses falsos pastores, sofrer aqui na terra é uma das garantias da vida eterna. No entanto, ninguém explica como os ricos – que não sofrem – vão fazer para conquistar a eternidade.
Portanto, a política não é entender só o que um candidato diz. É preciso ver os grupos com os quais ele está comprometido.
O candidato é só uma peça de um sistema. O que determina a política é mais que uma pessoa: é o entorno dessa pessoa.
Evaristo Magalhães – Psicanalista