Deveríamos amar não só para nos excitarmos. O amor deveria ser algo que nos protegesse – de alguma maneira – do que mais nos atormenta.
Deveríamos crer que – por amor – estaríamos seguros dos medos que nos cercam.
Não deveríamos só beijar. Deveríamos procurar indícios de que quem nos beija possui qualidades que poderiam nos ajudar a viver com um pouco menos de insegurança.
O amor parece que desapareceu porque não estamos mais interessados em amar para atenuar nossos dilemas existenciais.
Parece que o dinheiro, os antidepressivos, a estética e a medicina tomaram o lugar do amor.
Tocamos, beijamos e transamos apenas pela necessidade de extravasar nosso físico.
Até bem pouco tempo o amor nos demandava algo mais. Amávamos porque viver era angustiante – e a presença do outro nos tornava mais leves.
Não éramos só corpo. Éramos corpo, mente e sentimentos: conversávamos, olhávamos, sentíamos, convivíamos e amávamos.
Agora, parece que quando deprimimos não é mais o amor que buscamos como antídoto. Corremos para o shopping, para a academia ou nos entupimos de antidepressivos.
Será que o amor perdeu o sentido? Será que teremos que ir ao fundo do poço para nos darmos conta de que o amor é – ainda – a melhor saída para aquilo que coisa alguma pode nos livrar?
Evaristo Magalhães – Psicanalista