Você tem tido pesadelos sofrendo acidentes de carro? Caindo de precipícios? Sendo brutalmente atacado?
Pois bem, tudo isto faz algum sentido. Estes pesadelos, na verdade, estão relacionados com a nossa atual falta de perspectivas.
Não é o carro. Não é o abismo. Não é a casa. É a desesperança detonando com nossas ideias, crenças e direitos. É a distopia agindo na contramão de nossos interesses. É o desemprego, a falta de dinheiro, o risco de não poder pagar as contas, de não ter o que comer e de não ter com quem contar.
O mundo já passou por várias dessas crises: a de 1929 e as duas grandes guerras.
É fato que as políticas de transferência de renda dos governos Lula e Dilma retirou trinta e três milhões de brasileiros da linha da miséria. Isto em muito amenizou o pânico e o desespero daqueles mais vulneráveis.
Agora, tudo veio a baixo. Nessa onda neoliberal, a ordem é enfraquecer o público.
Contar com quem? Com empresários que nunca vimos? Com patrões que desconhecem a nossa existência? Com burocratas que querem decidir nosso futuro a partir de tabelas e gráficos?
Não é possível ter paz sem vislumbrar um futuro -minimamente – seguro.
Diante do nebuloso é necessário que o poder venha a público para nos dar alguma esperança de dias melhores.
E quando o poder faz exatamente o contrário? E quando o poder só toma medidas semelhantes às de um leviatã?
Não é um carro nos atropelando, não é o abismo, a agressão ou o assalto. É o futuro não mais a serviço da vida.
Muito pelo contrário, é a força do Estado ameaçando tomar o que levamos toda uma vida para construir – como se nada mais fosse nosso. Como se tudo, agora, pertencesse somente ao grupo que ele representa. É o Estado tomado por pessoas avessas ao bem-estar coletivo.
Estamos diante do pânico, da depressão e do suicídio institucionalizado. Estamos diante de um inimigo detentor de uma força descomunal.
Fomos tomados por grupos que pouco se importando com nossas demandas. Muito pelo contrário, agora é cada um por si e Deus por todos.
O problema é que esse cada um é composto por milhões: muitos não sobreviverão.
É o Estado resolvendo o problema de quem já tem pelo genocídio dos que nada tem.
Evaristo Magalhães – Psicanalista