Em tudo há algo que não conseguimos compreender.
Não entendo por que tanta arrogância.
Ninguém sabe quem é o pai de Deus. Ninguém sabe quem é o pai do pai de Deus.
Nossos conceitos são limitados. Quem consegue prever o que poderá acontecer nos próximos cinco minutos?
Vivemos como se não fôssemos deixar tudo para trás. Amamos na ilusão de que somos tudo para o outro. Até sabemos que não está indo nada bem. No entanto, seguimos a vida na ilusão de que está tudo maravilhoso.
Não questionamos para não ter que enxergar a escuridão. Deixamos tudo para a hora que não tiver mais jeito. É nessa hora que surtamos.
Há uma coisa que a religião quer massacrar. Há uma verdade que a ciência não quer ver. Poucos na filosofia deram conta de trazer o contraditório.
Nosso discurso – feito de ilusões – está sempre jogando algo para debaixo do tapete.
Até quando vamos fugir desse enfrentamento? Até quando vamos nos dopar por isso?
Qual o problema de fazer um discurso que traga o que nenhum discurso consegue apreender? Por que, então, não liberar os indivíduos de deletarem todos os discursos existentes – no sentido de criarem discursos novos?
As pessoas estão depressivas, ansiosas e enlouquecidas porque sabem dos furos e, no entanto, não são incentivadas a se recriarem a partir destes mesmos furos. Ou seja, sabemos de que se trata, mas estamos imóveis.
Viramos escravos da nossa própria impotência.
Não sabemos inventar sobre o que de nós nada sabemos.
Criamos aparelhos celulares que nos ligam em tempo real com pessoas do mundo inteiro. No entanto, não sabemos o que fazer com o que somos e que nos perturba vinte e quatro horas por dia: nossos enigmas!
Evaristo Magalhães – Psicanalista