Tenho tentado não ser só deste mundo das palavras, dos discursos, do poder, do consumo, dos falsos amores e mentiras.
No fundo, não somos mesmo deste mundo. Melhor, não seremos deste mundo. Tudo isto vai passar. Nosso mundo será outro.
Mesmo estando neste mundo, tenho tentado me conectar com este outro que – certamente – farei parte, querendo eu ou não.
Que mundo é este? É um mundo sem palavras. Sem o uso da força. Um mundo onde ninguém é dono de nada. Onde só seremos em essência. Sem antes nem depois. Sem mais nem menos. Sem maior e nem menor. Sem muito e nem pouco. Sem ontem e nem amanhã. Um mundo sem contrastes. Um mundo sem duplos. Um mundo do UM. Onde estaremos livres – inclusive – de nós mesmos. Puros. Onde seremos autênticos o tempo todo. Onde viveremos a verdadeira paz.
Que mundo é este? Consigo vê-lo no azul do céu. No som do vento. Nas árvores. No barulho das ondas do mar. No movimento dos galhos e das folhas. Nas montanhas e na chuva que cai.
Por que este será o nosso mundo mais verdadeiro? Porque retornaremos para ele. Porque nele, as coisas quando deixam de ser, tendem a retornar para o que eram. Sem dor. Sem preocupação. Sem medo. Sem violência. Sem culpa. Sem julgamento. Nele tudo é como tem que ser.
Sempre que me volto para este meu mundo futuro, adquiro leveza para com este mundo em que estou agora e que sou passageiro.
É muito bom saber que o mundo não é só este em que vivo.
Evaristo Magalhães – Psicanalista