Poucas vezes na vida somos nós mesmos. Uma – é quando nos envolvemos com alguém. Especialmente quando esse envolvimento é visceral.
Não existe amor intelectual. Amor é corpo, carne e sangue latejando. Só é amor quando colocamos nossas entranhas para funcionar.
Só é amor quando é o corpo que ordena. Só é amor quando arrepia, pulsa, estremece, pega, beija, lambe e transborda de tesão.
Não deveríamos tomar a palavra como prova de amor. Não é a palavra que nos assegura do amor de ninguém. Nenhum amor sai pela boca. É preciso que o corpo venha com a fala.
O amor é outra linguagem. Não é blá-blá-blá. É outra comunicação que passa pelo olhar, pelo gesto, cheiro, toque e paladar.
Viro outro quando amo. Tudo de mais meu entra nesse jogo.
Só é amor quando é o DNA que dita. Amar é como se um turbilhão de mim viesse à tona. Fora isso, não é amor.
Só se mente no amor de palavras – porque a fala pode ser manipulada. Ninguém mente quando está tremendo de tesão.
Quer saber se outro te ama? Observe como ele é na cama.
Se me faz pulsar, é porque sou eu. Se me faz salivar, é porque sou eu. Se mexe com minhas vísceras – não importa beleza ou conta bancária. Se não me causa frisson, não sou eu. Não adianta insistir, não vai acontecer.
Evaristo Magalhães – Psicanalista