Somos angústia porque vamos envelhecer e morrer. Somos ansiedade porque queremos algo que nos livre de envelhecer e de morrer.
Portanto, somos sonho, razão, angústia e ansiedade.
Sonhamos a verdade. A verdade não existe. Não é possível encontrar um enodar o sonho, a razão e o nada. Mesmo assim não desistimos de buscar. Por isso angustiamos – porque vivemos em um círculo ansioso entre sair e voltar para angústia.
Desse modo, a verdade da vida não é sonhar e nem pensar. Criamos a angústia e a ansiedade quando resolvemos fantasiar e raciocinar. Achamos que vamos enlouquecer se pararmos de sonhar e de refletir. Não é bem assim. Qual seria então a verdade da vida para a psicanálise? A verdade da vida é esquecer. Só os desmemoriados são felizes – porque não povoam suas memórias de lembranças e de sentimentos insolúveis.
É possível não pensar e nem sentir o que não tem sentido? Sim. Os orientais sabem muito bem como fazer isso.
A solução não é buscar o que não tem resposta. A solução não ficar indo e vindo sobre o que nada podemos.
Pensar é infinito.
A solução é focar em um ponto da mente sem antes e nem depois, sem causa e sem consequência, sem questão e sem porquê. A vida para a psicanálise é o silêncio. A vida para a psicanálise é a contemplação do nada.
Evaristo Magalhães – Psicanalista