Um emprego pode ser trocado por outro. Podemos comprar um carro igual. E quando não dá para reverter? No amor, telefonamos, mandamos zap, corremos atrás, imploramos e humilhamos.
E quando o outro partiu para sempre?
Nem tudo na vida pode ser revertido. Temos que ver o que vamos fazer com isso que se foi e só ficou um vazio.
Não há remédio para as perdas definitivas. Não há substitutos.
Portanto, ninguém sabe o que fazer com isso? Se não sabemos, o que nos resta? Resta cada um com seu vazio.
A questão é que ninguém precisa viver uma perda definitiva para experimentar essa dor de nada. Experimentamos esse vazio mesmo quando perdemos um emprego ou um objeto qualquer. Quando? No intervalo entre o que foi e o que chegará como substitutivo. É por isso que tanta gente surta quando perde o que pode ser revertido.
Mas, somos – também – isso sem substituto. Ninguém está ileso dele. Teremos que nos reinventar sobre ele. Espera-se que nos reinventemos bem.
Evaristo Magalhães – Psicanalista