Fuja do mais próximo de você. Quem é o seu mais próximo? Não queira saber.
Ele está grudado em cada um de nós. Dele ninguém consegue se livrar. Não temos escolha sobre ele. Quanto a ele, nada e nem ninguém pode fazer qualquer coisa por nós. Ele está em cada um e, ao mesmo tempo, está aquém de todo controle. Ninguém o domina.
É fácil amar um eu que está sempre em fuga deste nosso próximo. É fácil amar um eu de superfície. Quero ver é amar esse eu que está sendo gestado em nós – e que abominamos: um eu que mascaramos e que negamos.
Ninguém quer amar o seu próximo.
O meu próximo me dá pânico. Faço de tudo para não lembrar que ele está comigo. Fujo dele.
Ame a ti. Não ame o seu próximo. Ele é cabuloso. Muitos se entopem de medicamentos por pânico dele. Muitos o tentam esconder com infindas cirurgias plásticas.
Ele é oito ou oitenta: ou o amamos. ou o adiamos. A maioria o odeia com suas angústias, depressões e somatizações. Eu prefiro uma terceira via: mantenho-o sob suspensão.
Evaristo Magalhães – Psicanalista