Angustiamos porque insistimos em querer saber quem somos. Queremos uma felicidade que não existe: vivemos de mentiras.
A felicidade não é o dinheiro. Não é o amor. Não é o guarda-roupas.
Estamos voltados para um mundo ansioso e angustiado. Vamos nos entupindo de farsas: mais maquiagem, mais sapatos e mais esconderijos.
Os bens materiais nos distanciam de quem somos. O que aconteceria se nos livrássemos de todas as nossas mentiras? O que restaria? O vazio e o silêncio.
Esta é a nossa verdade. O nada é sem angústia. O nada é sem ansiedade. A paz é vazia. A felicidade é sem palavras. No vácuo não é preciso perguntar de que se trata. O vazio é a liberdade.
Queremos saber quem somos. No entanto, estamos no caminho errado. Quem somos não está no que pensamos e no que acumulamos. Não existe pensamento definitivo sobre qualquer coisa. Não há o objeto da nossa falta. O pensar nunca é – e as coisas nunca são. Por isso, angustiamos e somos tão ansiosos.
Nosso ser precisa ser descoberto depois de onde pensar e acumular funcionam como fuga. Precisamos fazer o caminho inverso de onde achamos que somos para onde não somos.
Somos o vazio que tentamos suprimir com o insuprível.
Evaristo Magalhães – Psicanalista