O tempo mudou. Já é fim de ano e parece que o carnaval foi ontem.
Não paramos mais. Tudo parece estar por um click.
Estamos compulsivos. Viramos a civilização do imediatismo. Estamos automatizados.
Queremos tudo programar.
Não podemos transpor essa velocidade desregrada da vida para o sexo.
Transar não é só usar a ponta do dedo. Não basta só olhar. É preciso olhar e levar o corpo e a mente junto. Não basta só tocar. É preciso tocar e tremer. Não é só beijar. É necessário beijar e arrepiar.
O sexo não funciona por comandos. É preciso criatividade para saber explorar com os dedos, boca, olhos, nariz, mãos e língua.
É a volúpia que faz latejar. É o frisson que tudo dispõe – e sem cronômetro ou apreendido por repetição.
Cada encontro é único. Não pode ter pressa. É preciso relaxamento e entrega. É preciso se perder.
O olhar prepara o tocar. O tocar prepara o beijar. O beijar prepara o abraçar. O abraçar prepara o penetrar. Cada coisa em seu tempo e em sua função. É cada um inteiro para si e para o outro.
O sexo não é razão ou técnica. É desejo, espontaneidade e entrega.
Não pense e não programe. Deixe fluir tudo de seu. O desejo é atemporal. É para ser sentido.
Permita ao outro te descobrir para ele e para você. Descubra o outro para você e para ele.
Viva tudo de cada sensação – e com toda a explosão de tesão que lhe é peculiar.
Evaristo Magalhães – Psicanalista