Não é a vida que pesa. O que pesa são os pensamentos. Não existe pensamento que não seja – também – preocupação e medo. Não existe pensamento único sobre qualquer coisa. Todo pensamento carrega – atrás de si, ao seu lado e na sua frente – uma série de outros pensamentos esquisitos.
A palavra empregado carrega a palavra desempregado. A palavra amor carrega a palavra desamor. A palavra vitória carrega a palavra perda.
É por isso que nunca nos sentimos cem por cento amados. Não existe verdade absoluta sobre qualquer coisa.
Sofremos porque, no fundo, não nos sentimos protegidos. Mesmo tendo nossas casas, carros e contas bancárias, sabemos que existe um breu no torno de tudo isso.
Não é o outro que agredimos. Agredimos é a situação porque nunca conseguirmos dizer claramente o que gostaríamos.
As palavras não são as coisas. A palavras não são as ideias. As palavras não são os sentimentos. Nunca daremos conta de dizer exatamente o que gostaríamos.
Na vida, não existe essa história de ignorante e de intelectual. Existencialmente, estamos todos no mesmo barco – e com nebulosidade por todos os lados.
Nunca estamos certos se foi realmente o que aconteceu. Sempre é possível interpretar de outra forma. Se estivéssemos sob outro ângulo – certamente – enxergaríamos de outro modo.
Portanto, nunca saberemos ao certo como foi e nunca teremos pleno controle sobre o que está ao nosso lado, atrás de nós e à nossa frente.
Mesmo a pessoa considerada a mais poderosa, a mais bela e a mais rica do planeta, não está imune desses enigmas.
Não entendo o motivo de tanta gente obcecada por estética e por dinheiro. Nada supre o quem não somos. Deve ser por isso que as pessoas ditas mais intelectualizadas, bonitas e poderosas são, também, as mais problemáticas.