Winnicott foi muito importante para a clínica infantil. Ele cunhou a expressão ”objeto transicional” – que diz do apego da criança por coisas.
Na infância, falta a maturação psíquica para lidar com as questões emocionais. A chupeta – por exemplo – é uma transição concreto para o abstrato. No entanto, aos poucos a criança vai abandonando das coisas para adentrar no mundo do mental.
Pode acontecer de muitos adultos apresentarem alguma dificuldade na passagem do concreto para o abstrato. Vide os casos de alcoolismo e de drogadicção.
Adultos que permanecem a vida toda no campo do físico, pode nos ajudar a entender o excessivo apego destes por animais.
Um cãozinho pode facilmente ser manipulado para fazer todas as nossas vontades. Um gatinho não nos questiona, não entra em conflito conosco e não tem o poder de nos contrariar. Ou seja, um pássaro não nos angustia. Enfim, conviver com essas coisinhas – fofas – não nos propicia fazer a transição do concreto para o intelecto.
O outro não é mesmo fácil de conviver. No entanto, só crescemos nas adversidades.
Não podemos substituir humanos por bichos.
Parece que é o que vem acontecendo.
Muitos estão trocando as relações humanas por relações com animais. Isso é muito grave. Nenhum animal pode nos ajudar a lidar com nossas agruras existenciais. Há o que é imprescindível no outro para a nossa humanidade.
Fiquei assustado com a notícia de um clube de sexo na Alemanha onde cada cliente podia levar o bicho que quisesse.
Evaristo Magalhães – Psicanalista