A verdade é a loucura. Só estamos vivos porque fugimos da verdade.
Podemos querer saber de tudo. Só não podemos querer saber a verdade.
Não há palavra para o que mais nos desespera.
Ainda bem que os loucos deliram e os autistas movem o tronco.
Falamos porque, do contrário, seria muito pior. Namoramos, passeamos e sonhamos porque, do contrário, não teríamos controle.
Os professores mentem. A religião mente. A ciência mente.
Vamos caminhando e sabendo que não faz muito sentido. Vamos iludidos de que algum sentido deve fazer.
A própria busca da verdade não deixa de ser um jeito de retardar o encontro – inevitável – com a verdade.
Contra a verdade, a religião fala de uma eternidade que ninguém voltou para dizer que existe. Contra a verdade, a ciência tenta saber quem é o ancestral do ancestral.
Preparar aulas e pregar o evangelho serve – apenas – para camuflar a verdade sobre a qual não queremos e não podemos saber.
Esse é o sentido de tudo que inventamos: esconder a verdade que está – ao mesmo tempo – em todos os lugares e em lugar nenhum.
Por isso, é de se preocupar quando uma pessoa emudece, quando começa perder a motivação para sair, encontrar os amigos, frequentar bares, festas, viajar e namorar. Pode ser que ela esteja chegando próxima da verdade. E ninguém pode querer saber da verdade!
Evaristo Magalhães – Psicanalista