O que a palavra amor tem a ver com o sentimento amor? Nada. O que o som da palavra amor tem a ver com o sentimento amor? Nada.
É impossível definir o amor. É porque enchemos o amor de palavras que matamos o amor. Daí, passamos a medir o amor pelo que pensamos – e não pelo que sentimos.
O que seria melhor: sentir a lealdade ou pensar a lealdade? O que seria melhor: sentir a fidelidade ou pensar a fidelidade? Eu prefiro sentir a fidelidade.
É por isso que não podemos tomar o amor como sendo um conceito ou um som. O amor é para ser vivido – e o vivido não é para ser pensado.
Nenhuma declaração de amor deveria ser levada ao pé da letra. Podemos mentir quando falamos. Não podemos mentir quando sentimos. De modo geral, focamos mais nas palavras que nos sentimentos. Conhecemos mais a linguagem das palavras que a linguagem dos sentimentos.
A escola e os livros só nos ensinam a pensar o amor – e nunca a sentir o amor.
O amor não é só razão. O amor é corpo, atitudes, gestos, movimentos e acontecimentos.
Deve ser por isso que nossos amores degringolam. Só conhecemos o amor de ouvir. Não conhecemos o amor de tocar, pulsar e tremer.
É seguro que equivocamos quando ouvimos mais que sentimos. É seguro que equivocamos quando optamos pelo que sai da boca do outro e não pelo que sai do olhar, da respiração, do tato, do olfato e do paladar do outro.
O olhar não mente. Não existe declaração de amor mais verdadeira que a de um suspiro profundo depois de um beijo lento, macio e duradouro. A pele não mente. E quando alguém nos dá aquele cheiro?
Ninguém precisa cobrar amor de ninguém. É muito simples se saber amado. Basta sentir o outro. Fale menos e sinta mais!
Evaristo Magalhães – Psicanalista