Para relaxarmos precisamos encontrar nossos sons e sensações naturais.
Não somos o que pensamos. Nunca estamos cem por cento seguros do que pensamos. É por isso que nunca descansamos. No entanto, nossos sentidos e sons nunca mudam.
Creio que a maior parte do universo é composto de melodias próprias – e não de pensamentos e palavras. Penso que só temos palavras aqui onde estamos.
Descansamos quando deixamos de prestar atenção ao que raciocinamos e focamos no que está depois de todas as razões.
Precisamos nos esvaziar de nossas ideias e preenche-las com outros ruídos. Não há nada nem antes e nem depois do que pensamos.
Sou onde não penso – porque lá não me angustio. Por mais que eu tente, não consigo me conceituar. Não me conheço quando me abstraio de mim. Pensar sobre mim é me tornar eternamente insatisfeito comigo.
Onde sou, sem pensar, não há nem mais nem menos, maior ou menor ou melhor ou pior. Nesse lugar, as coisas são como são. É onde tenho o mais essencial de mim. Onde não reflito – mesmo porque não posso interferir nisso que sou em silêncio.
Isso que sou, está para além de mim. Isso que sou, só pode ser escutado e contemplado. Não consigo saber a origem desse meu eu que cantarola sempre a mesma nota. Ele é como a uva que saboreio e que nada tem haver com a palavra uva.
A felicidade é retardada. Quem pensa é que sofre. Não deixamos de existir porque deixamos de pensar. Muito pelo contrário, passamos a existir – exatamente – quando nos silenciamos.
No silêncio, relaxamos, entramos em sintonia com o infinito de nós mesmos, nos libertamos dos nossos conflitos, das nossas dúvidas, dos nossos questionamentos, angústias e ansiedades.
No silêncio de nós mesmos, apenas somos, porque lá não faz o menor sentido perguntar quem somos. No silêncio de nós mesmos, saímos da guerra e descobrimos a paz.
Evaristo Magalhães – Psicanalista