O que espero ninguém pode me dar. Não existe o amor que eu gostaria. Não existe a beleza que procuro. Nenhuma inteligência pode resolver meu problema.
O que sou independe de tudo isso. Isso que tanto busco fora de mim é impreenchível. Não consigo elevar isso à qualquer dignidade de pessoas, de coisas, pensamentos ou crenças. Isso é meu. Nada cabe aí. Nada resolve.
Não adianta desesperar, gritar, chorar ou rezar. Tenho que tomar isso como sendo meu – e sem qualquer mediador.
A beleza é dar conta de olhar para isso sem máscaras. Temos que elevar isso a zero. Isso é uma coisa que tenho. É algo que só posso ver ou sentir. Não consigo explicar, transmitir, substituir ou transgredir.
Isso sou eu no que tenho de mais verdadeiro. Ou seja: meu nada.
Evaristo Magalhães – Psicanalista