Não amamos as pessoas. Amamos porque queremos alguém para resolver por nós o que não damos conta de resolver por nós mesmos.
O amor – mais que físico – é psicológico. Sofremos de perturbações que nem a ciência, nem a filosofia e nem religião pode nos livrar.
Nesse contexto, amar acaba sendo o nosso último suspiro. Amamos porque buscamos no outro a esperança de que ele possa aliviar isso que somos e que nos é insuportável.
Amamos não o outro. Amamos o que não somos no outro. Damos o que não somos por amor ao outro.
Não amamos o amor. Amamos uma ilusão. Queremos do amor um poder que deveria ser nosso. Isso vale para o amor entre pais e filhos. Vale para o amor entre amigos. Serve para o amor religioso e cabe no amor artístico.
O depressivo está no limite da realidade do amor. A ficha está prestes a cair para o angustiado. O ansioso está quase se dando conta e o suicida resolveu desistir de buscar.
Evaristo Magalhães – Psicanalista