É fato que quanto menor é a desigualdade, menor é a violência. Na atualidade, parece evidente que os muito ricos preferem a violência a terem que concordar com as políticas de transferência de renda. A questão é que esses muito ricos pouco sofrem com a violência. A maioria vive protegida, blinda seus carros ou mora em condomínios fechados.
O pior da violência acaba ficando mesmo é com os mais pobres.
Ora, sabemos que a violência não se resolve em um passe de mágica. Ninguém distribui renda e melhora a educação do dia para a noite – especialmente em um país com dimensões continentais como o Brasil.
Por isso, a tendência dos pobres é concordar com as medidas de combate à violência propaladas pelos muito ricos.
É curioso como os pobres tendem a buscar saídas para a violência que só facilita para quem ocupa a parte superior da pirâmide social.
De modo geral, os partidos mais à esquerda tendem a questionar a concentração da riqueza. E os partidos mais à direita tendem a achar que pobre é pobre porque é vagabundo.
Os muitos ricos propagam que a saída para a violência é dizimar os bandidos. Infelizmente, os pobres – afetados por uma violência da qual não têm qualquer culpa – tendem a concordar com estas medidas fascistas. Afinal, são eles que mais sofrem com os assaltos e com os homicídios.
Em uma sociedade como a nossa, com poucos investimentos em educação e com muito desemprego, nem todos conseguem sobreviver com dignidade.
Infelizmente, os pobres acabam virando a presa mais fácil para a solução da miséria dos outros ainda mais pobres pelo recurso do extermínio.
É nesse contexto, que políticos de direita acabam usando os pobres para se elegerem com propostas fascistas de combate à bandidagem.
É uma pena que – por estratégia dos próprios ricos – os pobres não são capazes de compreender a relação entre a violência e a concentração da riqueza. Se dessem conta, não seriam pobres de direita.
Evaristo Magalhães – Psicanalista