Freud acreditava que poderíamos transformar o inconsciente em consciente.
Com o tempo, ele mesmo desistiu dessa ideia. Há um núcleo do inconsciente que nenhum pensamento toca. Há – em nós – um pensamento que não pode ser pensado. Não há o que dizer.
Foi porque inventamos a consciência que inventamos a possibilidade de tornar tudo consciente. Doce ilusão! Não podemos tudo com o intelecto.
Desse modo, no ponto limite da nossa consciência, não nos resta mais nada – a não ser olhar para o nada sem nada poder fazer.
Há um ponto em nós em que a imbecilidade é a virtude.
Há um núcleo em nós em que só nos resta amar a ignorância.
A psicanálise começa onde termina a religião, a filosofia e a ciência.
A psicanálise é a idiotice da existência. O que cada um fará com isso? Eis a questão.
Evaristo Magalhães – Psicanalista