Colocaram em nossas mentes que temos que saber sobre o amor. Daí, desembestamos a apreender o amor. E parece que quanto mais queremos saber, menos conseguimos mais desesperados ficamos.
Por que não desistimos? Por que não fazemos o caminho inverso – do saber sobre o amor para um não-saber sobre o amor?
Muitos devem achar que se retirarmos o que sabemos, esvaziaremos o amor. É exatamente o contrário. Descobrimos a consistência quando suspendemos pensar sobre amar.
Pensar é só mais uma habilidade que temos para lidar com o mundo. Ocorre, que parece que só vivemos para pensar. Podemos nos comunicar com o mundo por outras vias que não a das palavras.
Temos um corpo. Você já experimentou viver tudo do seu orgasmo? Você já experimentou viver todo o seu paladar de um pedaço de chocolate? Essas vivências – sim – não têm preço.
Vivemos não quando pensamos. Vivemos quando arrepiamos, trememos, reviramos os olhos, suspiramos, gememos e contorcemos de prazer. Perdemos quando deixamos de viver para pensar.
Enfiaram em nossas cabeças que nosso amor tem que durar. Daí, não fazemos pelo agora. Estamos – o tempo todo – fazendo só para impressionar e para fazer com que o outro volte amanhã. Amanhã, fazemos a mesma coisa, para que ele volte depois de amanhã – e assim nunca amamos de verdade.
Prefiro amar – agora – com tudo o que meu corpo é capaz – não importa qual amor. Prefiro amar o amor que tenho em mãos. Quando não o tiver mais, não saberei. Se o tiver novamente, ótimo. Caso contrário, não posso nunca esquecer que continuo vivíssimo para continuar amando.
Evaristo Magalhães – Psicanalista