Normalmente, ao procurarmos um amor, primeiro vem a aparência. Depois, se a pessoa é interessante, inteligente, cúmplice e confidente. Não que isso tudo não seja importante. É – também.
No entanto, há algo – no amor – que é só experimentando para saber. É como ater-se ao som e não ao sentido do som. É como começar procurando não pelo sentido.
Somos racionais demais. Chegamos primeiro com o pensamento – e nunca com o corpo.
Não apenas sentimos: sentimos e julgamos.
Perdemos muito por não começar saboreando.
Queremos gozar – mas só conduzidos pelo pensar. Entendemos que só acertaremos, se analisarmos com profundidade.
Ocorre que não existe análise completa. Toda leitura deixa um resto. Todo pensamento leva a outro – e assim indefinidamente. Não existe a última palavra de nada.
Portanto, por que não começar olhando, beijando e pegando? Por que não começar pelo sexo?
Nem um amor será bom apenas pelo intelecto. As ideias mudam e somos contraditórios.
Agora, um beijo bom é sempre bom para a vida toda. Uma boa transar só tende a melhorar nas transas seguintes.
Parece que esse amor filosófico não está dando muito certo. Então, não seria a hora de mudarmos o jeito de conviver?
Que tal colocarmos o paladar na frente do intelecto? Por que não inverter a ordem? Por que não valorizar mais o toque e menos a mente? Por que não focar na cama no lugar de ficar fazendo DR?
Evaristo Magalhães – Psicanalista