Somos violentos por dois motivos: por uma questão biológica ou por uma questão existencial. Ninguém sobrevive sem comer. É um afronto quem desassocia violência de desigualdade social. Já está mais do que provado que quanto menor o contraste entre as classes, menor a violência. Esta violência tem solução. A saída é política. A violência existencial não tem solução. Não existe saída para o fato de que vamos envelhecer, vamos morrer e vamos perder pessoas que muito amamos. Isso vale tanto para as crianças, quanto para os jovens e para os adultos. Freud trabalhou com a possibilidade de elaboração ou de sublimação dessa violência. Hoje, sabemos que a cultura não dá conta sozinha dessa tendência da humanidade para a agressividade. O que fazer com isso? Muitos a jogam no corpo na forma de doença. Outros, surtam. Outros, desistem de viver. Não existe uma receita. Como as pessoas vão lidar com isso? Não sabemos. Esse saber só pode ser descoberto no fazer. As pessoas podem fazer o que quiserem – com a condição de que não façam mal a si e nem ao outro.
Evaristo Magalhães – Psicanalista