Pensamos para aplacar nossas angústias. E para o que não existe pensamento? E para o que quanto mais pensamos mais angustiamos?
Só nos resta agir frente ao que não temos resposta. Temos que ver o que vamos fazer com isso que nada consegue tocar.
Não adianta angustiar, ansiar, deprimir ou revoltar. Não adianta jogar no corpo na forma de doença. Surtar – também – não resolve. Entupir-se de medicamentos – muito menos.
Adoramos o já pensado porque nos prescinde da angústia do vazio. E para o que não há o que pensar? E para o que não pode ser previamente delimitado? Temos que inventar. Melhor: temos que nos reinventar.
Não é pensamento que nos define. O sentido que usamos para conceituar quem somos nada tem haver com quem de – fato – somos. Não é a palavra a nossa verdade.
Há um desamparo. Temos que criar sobre essa falta. Espera-se que nos criemos bem.
Evaristo Magalhães – Psicanalista