Quem dera se tivéssemos certeza de tudo. Sempre chega a hora em que as coisas não funcionam como gostaríamos. É nesse momento que deixamos de ser o que a sociedade sempre quis que fôssemos e temos a oportunidade de ser quem quisermos.
É quando tudo falta que descobrimos a nossa verdadeira essência. É no vácuo que descobrimos a capacidade de invenção de nós mesmos. Quando falta palavras, só nos resta ser quem somos – agindo ou inventando palavras nossas.
Não haveria erro se tudo fosse previamente calculado. Ocorre que estamos em um tempo em que grande parte das ferramentas – que antes tínhamos como seguras – estão caindo por terra.
Deus já não é mais o mesmo. As leis já não são mais tão legítimas. Os pais já não são mais as melhores referências para os filhos.
Sem as garantias mínimas, os indivíduos estão no vácuo e não estão sabendo agir.
Existe saída? Sim. Lutamos muito para desgarrarmos das amarras do excessivo disciplinamento social.
Isso significa que podemos fazer o que quisermos? Sim. Com a condição de que façamos com responsabilidade. Ou seja, que façamos sem colocar em xeque o próprio ato de poder prosseguir fazendo.
Sejamos livres! Sim! Isso é ótimo! Porém, com a condição de que não coloquemos em risco esse nosso sagrado direito.
Evaristo Magalhães – Psicanalista