Olhamos com diferentes intenções. Porém, nada se compara quando somos olhados com aquele olhar inflado e pulsante como se quisesse nos sugar por inteiro.
É uma delicia esse momento voyeur da sedução.
Há olhares constrangedores e agressivos porque dizem só querer a superfície – e nada mais que isso.
No entanto, há olhares que vão fundo. Dizem mais, despem invadem, estremecem, enxergam até as vísceras fazendo qualquer um subir pelas paredes.
É uma delicia quando o olhar solta aquele sorrisinho, abaixa a cabeça e olha de novo com a cabeça ainda meio para baixo.
É uma delicia quando o olhar nos segue – ainda que distante. Quando fica com um misto de saudade e de desejo.
É uma delícia essa comunicação sem palavras e sem toques porque é o corpo falando com suas emoções. É o tesão brilhando, o olho desnudando e captando cada detalhe. É olho tudo devorando, adivinhando coisas, abrindo poros, arrepiando, tremendo e salivando.
O tesão é imprevisível porque independe do tempo e do espaço. Ele circula sutilmente nas ruas, igrejas e festas.
Não importa se é triste ou feio. Não importa o compromisso ou a conta bancária porque não obedece a razão e não tem conotação moral. É outro registro.
O tesão é de quem o sente.
Poucos sabem fazer bom uso disso.
Evaristo Magalhães – Psicanalista