A psicanálise começou pelo recalque. Começamos perdendo o amor materno. Viramos neuróticos buscando – sem encontrar – nossas mamães em tudo.
Depois a psicanálise descobriu que nossa questão não começou com a perda da nossa mamãezinha amada. Tornamo-nos traumatizados porque nos descobrimos finitos.
Para isso, a cultura vai nos oferecer uma série de contrapartidas com o intuito de amenizar esse nosso trauma constitutivo. A questão é como essas contrapartidas nos serão apresentadas. Nunca vi tanta mentira prometendo o que nunca existiu.
Inventaram que morrer é ruim porque querem vender produtos e lugares que – supostamente – nos livrariam disso. Doce ilusão!
Morrer não pode ser ruim. Envelhecer, também não – mesmo porque não podemos escolher quanto a estes quesitos.
Precisamos encontrar um outro modo de enxergar isso que não seja pelo desespero.
Evaristo Magalhães – Psicanalista