É delicioso beijar uma boca carnuda, vermelha, latejante e macia. É muito gostoso sentir a fluidez de uma língua indo e vindo dentro da nossa cavidade bocal.
Inúmeros livros ensinam sobre a performance sexual. Desconheço obras que tratam da arte de beijar.
O beijo não é subjetivo. Há quem beije bem e há quem beije mal.
Dá para ensinar a beijar? Claro. Para um bom beijo não basta ter beleza, força ou conta bancária. O beijo bom nada tem a ver com a aparência.
Há beijos terríveis. Há bocas travadas e enrijecidas. Há línguas grossas, ásperas e rígidas. Há bocas com halitose, amargas e molhadas demais. Há dentes afiados.
Toda relação amorosa começa pelo beijo. Um beijo bem dado precisa trazer toda a musculatura da boca em harmonia.
Há uma abertura ideal – de modo que tudo o mais vá cedendo aos poucos. É importante deixar a língua ir e voltar- suave e lentamente – na medida em que a língua de um vai cruzando com a língua do outro.
O ideal é beijar e se permitir beijar. Comece devagar e vá acelerando. Comece pela parte mais exterior e vá cedendo aos poucos. Procure manter as bochechas bem relaxadas. Permita ao lábio tocar com naturalidade. Gire a língua sem pressa.
Beijar exige respiração coordenada, pausa para olhar nos olhos. Beijar sensibilidade, inteligência e criatividade.
É uma delícia quando o beijo extravasa para as orelhas, nuca, testa, pescoço, olhos e mamilos.
Um beijo bom tem personalidade: vicia no bom sentido e insinua outros prazeres.
Evaristo Magalhães – psicanalista