Nada é um. Ninguém pode amar só um. Não pode existir só uma religião, só um partido ou só uma ciência.
Só os loucos vivem de um.
É porque tem que ser um que o torcedor é capaz de matar depois da derrota.
Não deveria ser (o) jovem. Não deveria ser (a) vida. Não deveria ser (a) morte. Somos – também – a velhice. Não estamos só vivos. Estamos vivos – e a caminho da morte.
Nunca é só um na vida. Tudo é mais de um.
Não tem como trocar a derrota pela vitória o tempo todo. Não tem como amar sem ser desamado.
A vida não é oito ou oitenta ou isso ou aquilo.
Todo fanatismo acaba mal. A tragédia é o outro lado da paixão.
Não podemos esperar nada de muito bom de que não consegue enxergar que tudo possui mais de um lado – e que nada é para sempre.
O grande desafio não é achar que a vida pode ser pensada como uma matemática de resultado exato.
Na vida, há contradições que não se resolvem.
Não somos o oposto. Temos o oposto. Temos que nos arranjar com ele. Espera-se que nos arranjemos bem.
Evaristo Magalhães – Psicanalista